Lucro da companhia salta 143,6% para R$ 1,1 bi no segundo trimestre influenciado pela retomada no consumo industrial
Depois de comprar a CEEE-T por R$ 2,67 bilhões, a CPFL Energia está de olho em três principais oportunidades de crescimento em 2021, estudando os ativos da Celg-T, com leilão marcado para outubro, além dos certames de transmissão do governo e da CEEE-G, previstos para dezembro, destacou o presidente da companhia Gustavo Estrella em teleconferência ao mercado nesta sexta-feira, 13 de agosto.
“São várias alternativas na mesa para avaliar e endereçar aquelas que irão fazer mais sentido para nós”, comentou o executivo, afirmando que o interesse maior recai em ativos que a companhia já tem participação na geradora gaúcha, como no caso das usinas hidráulicas do Complexo Energético do Rio das Antas(Ceran) e Energética Barra Grande (Baesa).
De acordo com Estrella, a estratégia sempre foi balancear crescimento com pagamento de dividendos sem comprometer as novas oportunidades, tendo uma linha divisória clara da atuação perante o controlador, a chinesa State Grid, que se concentra em projetos de transmissão de alta voltagem.
“Nós ficamos com um nível médio de mais baixa voltagem, com muito mais características de interação com o negócio de distribuição”, pontua.
O grupo reportou seus resultados financeiros na última quinta-feira, 12, mostrando lucro líquido de R$ 1,126 bilhão no segundo trimestre de 2021, salto de 143,6% ante igual período do ano passado. Já o Ebitda consolidado atingiu R$ 2 bilhões, avanço de 70% na comparação anual, enquanto a receita liquido chegou a R$ 8,813 bilhões, aumento de 34,3% na comparação anual.
O consumo de energia teve retomada, com crescimento de 12,9%, ficando inclusive acima do patamar do segundo trimestre de 2019. Por sua vez, as vendas de energia na área de concessão da empresa totalizaram 16.881 GWh no período, resultado atribuído a classe industrial, que registrou crescimento 27,4%, seguido pela comercial, com 14%.
Crise hídrica
Sobre a crise hídrica o presidente da CPFL destacou que o período entre outubro a dezembro deverá ser o mais crítico, com temperaturas mais altas e consumos maiores, exigindo planejamento e atenção para o atendimento à demanda, mas ressaltando um cenário mais confortável para 2022 com expectativa da entrada de 10 GW de nova capacidade.
“É grave a expectativa de curto-prazo e ainda que não se tenha um cenário base com racionamento para esse ano existe o risco”, avalia Estrella, que numa hipótese de racionamento não enxerga nenhum outro cenário que não o de 2001, com a compensação e reequilíbrios de contratos de concessão pensando na sustentabilidade do setor ao longo prazo.
“Se houver racionamento de 10% o impacto em toda cadeia do setor é tão grande que não tem como enxergar um efeito isolado em um segmento ou outro”, pontua.
Para Estrella, os players e agentes tem que sentar e discutir a crise e os impactos nas precificações e outras situações, o que irá depender do tipo de gerador, de heads hidrológicos, marcado livre, cativo. “São tantas variáveis que passam pela rediscussão ampla de todas as regras do setor, algo que é muito complexo”, conclui.
Pelo lado das distribuidoras, uma sugestão dada à Aneel em recente Consulta Pública é a sinalização de aumentar ainda mais o valor do segundo patamar da bandeira vermelha devido ao risco hidrológico e aumento dos despachos termelétricos, o que está em discussão.
“A agenda regulatória foi atropelada por uma série de novos assuntos, como a pandemia, mas as discussões continuam em paralelo, como no caso também dos custos operacionais, regulatórios e de perdas”, finaliza Estrella.
Fonte: Canal Energia.